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Resenha: Os Filhos de Anansi

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Autor: Neil Gaiman
Editora: Conrad
Páginas: 344
Skoob
Sinopse: Charles Nancy tinha uma relação nada agradável com seu pai. Na opinião dele, o sr. Nancy era simplesmente constrangedor. Mas Charlie o conhecia muito pouco. Não percebia que ele era Anansi, o trapaceiro deus-aranha. Não fazia idéia de que tinha um irmão. Nem sequer imaginava no que sua vida se transformaria após tomar conhecimento disso. E, principalmente, jamais poderia prever que, para colocar tudo de volta nos eixos, teria que mergulhar de cabeça no sombrio e enigmático mundo dos deuses.

Olá leitores e leitoras do Thousand Lives to Live! Agradeço muito a receptividade a minha última resenha e podem ter certeza que dessa vez eu vim para ficar. Vem pela frente uma série de resenhas de livros do Neil Gaiman para animar esse inicio de ano.

Imagina uma história com um cara certinho que tem vergonha de tudo. Agora, acrescenta aí um irmão semideus (que chamaremos de Spider) que é o completo oposto do nosso cara certinho (que chamaremos de Charlie; Fat Charlie). São exatamente esses dois seres totalmente diferentes - porém, complementares - que protagonizam o 4º romance do autor Neil Gaiman. Ao longo de 344 páginas (na 2ª ed. de 2011 da editora Conrad) Gaiman explora a vida de Fat Charlie, um jovem-não-tão-jovem entediante, que mora em um apartamento sem graça, está em um noivado morno - e não consumado - e trabalha em uma firma detestável com um chefe que é, absurdamente, tudo o que há de errado com o capitalismo e a sociedade.


"Então, não. Eu não sei o que fazer com essa bosta de pena. Queimar? Cortar em pedaços e comer? Fazer um ninho? Segurar ela bem firme e pular da janela?" (Gaiman, p. 298)

Prestes a se casar com a meiga Rosie Noah, Fat Charlie descobre que o pai morreu. O pai que o embaraçou e envergonhou por toda a sua vida - e o apelidou de Fat Charlie. Então ele parte de Londres para Flórida a fim de fazer sua paz com o pai. E aí tudo desanda. A linguagem com a qual Gaiman aborda os acontecimentos é rápida e irreverente - mais irreverente que suas obras anteriores que já trazem essa característica -; de acordo com o autor, ele usou sua “linguagem que ele usa em seu blog” para desenvolver a história. Já li a obra em português e em inglês e apesar da obra em inglês ser inegavelmente mais divertida, o trabalho de tradução de Juliana Lemos foi impecável.

"Os nomes que o pai de Fat Charlie dava às coisas pegavam. Era assim e pronto" (Gaiman, p.11) 

Os personagens são muito diferentes entre si mas de alguma forma, todos se complementam. Spider, o irmão cool que herdou os talentos divinos do pai e vive pelo mundo desfrutando o que este tem a oferecer; Fat Charlie, o irmão chato que vive sua vida sem nenhum entusiasmo; Daisy, a misteriosa vodca-com-laranja que aparece na vida de Charlie abruptamente mas parece decidida a permanecer nela - mesmo que inconscientemente-; e Rosie, a noiva pudica politicamente correta que não sabe bem o que quer da vida.

"Gema de ovo, molho inglês, tabasco, sal, um pouco de vodca e por aí vai. Se você não morrer, vai ficar ótimo." (Gaiman, p. 85)

As cenas no mundo dos deuses são intrigantes e assustadoras ao mesmo tempo. A personificação de cada criatura é bem bizarra mas é aquele tipo de bizarro que você não consegue parar de olhar - nesse caso, ler -; como uma verruga no meio do rosto da pessoa com a qual você está conversando e da qual você não consegue tirar os olhos. Trazendo de volta elementos de sua obra anterior, Deuses Americanos - que conta com a presença do amável Anansi -, Gaiman mescla a monotonia do mundo que conhecemos com a emoção do mundo dos deuses. Recomendo para todos que queiram um livro divertido e emocionante.

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